Ao se queixar pelo fato de um requerimento de sua autoria não ter sido aprovado pela maioria de seus pares, Ivson literalmente rasgou uma cópia do regimento interno da Casa, sendo prontamente reprimido pelo presidente, vereador Pastor Alcides (PP). No requerimento, Ivson pedia a convocação do secretário municipal de Meio Ambiente, Edmundo Diniz. Porém, a matéria não teve o voto favorável da maioria dos edis.

"Estou sendo tolhido. Será que mais uma vez vão rasgar o regimento interno?", questionou o vereador, fazendo o documento em pedaços. Na mesma hora Pastor Alcides interveio. "Não faça isso, respeite o documento da Casa. Não se rasga documento aqui nesta Casa", ponderou o presidente. 

Ivson, então, descontrolado e demonstrando nervosismo, continuou contra-argumentando e reclamando de sua "prerrogativa de vereador", não deixando o presidente falar. "O senhor pode discutir com um vereador, pode ponderar, pode contrariar, mas o senhor não tem o direito de pegar um documento, mencionar o regimento e rasgá-lo. Cuidado! Temos sido pacientes. Vossa Excelência, com essa atitude, pode responder na Comissão de Ética. Modere suas palavras e seus atos", lembrou o presidente. Sem se desculpar pelo ato cometido, Ivson se limitou a dizer "o que está dito, está dito". 

Coube ao vereador Caio Valace (Podemos) explicar a Ivson como funciona o processo democrático em uma Câmara Municipal. "Vossa Excelência tem todo o direito de apresentar o requerimento, contudo, nós não estamos obrigados a apoiá-lo. As circunstâncias são as mais variadas. Eu, por exemplo, posso achar que é raso prestar esclarecimentos de uma coisa muito superficial e Vossa Excelência não consegue colocar no papel que tipo de esclarecimento quer. Então, não precisa rasgar papel nessa Casa, não precisa de bravatas. Nos convença! Traga as coisas bem fundamentadas, pois eu posso achar que a matéria não tem fundamentação", afirmou. 

Valace prosseguiu. "Vossa Excelência tem que aprender a respeitar a decisão colegiada. Nesse parlamento se decide tudo pelo voto e dentro de uma diplomacia, pois com arrogância e bravata não se vai conseguir. Não tem um secretário que não tenha recebido Vossa Excelência. Tenho notícias que todos os vereadores, inclusive da oposição, são sempre super bem recebidos pelos secretários e têm todas as informações que precisam", completou. Em sua resposta, Ivson chamou Caio Valace de "advogado do diabo", alegando ter apresentado os fundamentos para seu requerimento. 

Reincidente
Não é a primeira vez que Ivson se altera contra um colega da Câmara. Em agosto deste ano, Ivson chegou a chamar o vereador Rodrigo Braga (PV) de "mentiroso" reiteradas vezes em uma reunião ordinária. A matéria pivô da discussão foi uma portaria onde era solicitada a relação de cargos que servidores da atual legislatura ocupavam na Câmara.

Rodrigo Braga rebateu a fala do colega. "Fiquei assustado com a fala do senhor ao me chamar de mentiroso, pelo menos cinco vezes. Mau-caratismo, você sabe o que fiz aqui. Dei ciência no plenário do documento que recebi. Calce minhas sandálias antes me chamar de mentiroso. Minha vida não foi fácil. Minha dignidade não será jogada no lixo por você. Aprenda a respeitar. Isso é muito sério, é tirar a dignidade da pessoa. Você fala de Deus o tempo inteiro, e a palavra de Deus fala para não julgar as pessoas. Dê exemplo.  Ainda mais partindo de alguém como você, que termina sua fala falando Viva Cristo Rei", rebateu Braga.

Outros episódios polêmicos também marcam o recente mandato de Ivson, sobretudo por sua falta de preparo para o cargo. Na última reunião, por exemplo, o edil questionou a categoria da CNH dos operadores de retroescavadeiras do SAAE, alegando que deveriam ser categoria D. Só que a categoria exigida para esse maquinário é a B, de acordo com a Lei 13.097, publicada em 27 de janeiro de 2015. A lei garante que os motoristas que possuem CNH de categoria B estejam legalmente autorizados para dirigir tratores e máquinas agrícolas.

Em outro requerimento, de junho deste ano, Ivson, provando seu total desconhecimento quanto às competências das diferentes esferas de poder, solicitou ao Município que criasse uma campanha de doação de sangue no Hemominas, incluindo investimentos em outdoor e busdoor. Porém, como se sabe, esse tipo de campanha teria que ser feito pelo Governo de Minas, já que os hemocentros são de responsabilidade do Estado. Diante de tanta demonstração de despreparo, inclusive emocional, com ofensas gratuitas a colegas de trabalho e à própria instituição Câmara Municipal, resta saber por quanto tempo o edil permanecerá no cargo de vereador em Sete Lagoas.

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