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Tragédia de Petrópolis completa uma semana com 69 desaparecidos e 193 mortes

A maior chuva da história da Cidade Imperial tem 193 mortes confirmadas. Desabrigados reclamam da falta de apoio das autoridades. O governo do Rio informou que 1.533 famílias solicitaram o Aluguel Social e deu prazo de 15 dias para o início do pagamento.

A maior chuva da história de Petrópolis completa nesta terça-feira (22) uma semana com 193 mortes confirmadas e a angústia dos parentes de 69 pessoas que ainda não foram encontradas. Novas imagens do dia da tragédia foram conhecidas nesta terça-feira (22). Três funcionários de uma estamparia alagada tentavam retirar mercadorias do local. Às 18h34, o prédio desmoronou. A empresa ficava no Morro da Oficina, região com o maior número de vítimas.

Exames de DNA de parentes de desaparecidos ajudam na identificação das vítimas do temporal em Petrópolis
No sétimo dia de buscas por desaparecidos, abraços e afagos ajudam a enfrentar a dor da perda. Josimar Luís da Silva morava na Chácara Flora e viu a família ser levada pelo deslizamento de uma encosta. Só ele e o filho mais velho, de 14 anos, saíram ilesos. Nos dias seguintes à tempestade, ele escavou os escombros. Nesta terça, observava de longe o trabalho dos bombeiros.

No meio da tarde, encontraram o corpo da mulher dele, grávida de sete meses. Depois, o do filho de 11 anos. Minutos mais tarde, o corpo do caçula, de 9. O corpo do sobrinho, de 2 anos, foi resgatado por último. “A gente cria filho para, mais tarde, ele enterrar a gente, não nós enterrarmos os filhos”, diz.

A solidariedade leva mantimentos, água mineral, roupas e produtos de higiene. Mas uma semana depois do temporal que arrasou Petrópolis, moradores ainda sentem falta da ajuda do poder público para recomeçar.

“Recomeçar sozinho é difícil. A gente se sente no chão, né? Praticamente sem nada, sem apoio nenhum”, desabafa o cobrador de ônibus Júlio César de Souza.

A casa da auxiliar de produção Laísa de Souza foi arrastada. A opção que ela teve foi encontrar abrigo na casa de um tio. Laísa já se cadastrou na Prefeitura de Petrópolis para receber o Aluguel Social de R$ 1 mil – R$ 800 pagos pelo governo do estado e R$ 200 pelo município. Mas há uma barreira pela frente.

“Consegui, mas preciso que Defesa Civil venha para poder comprovar que eu realmente morava ali, para poder tirar uma foto e dar um laudo. Mas como eu vou atrás da Defesa Civil? Não tem como”, conta.

Vera Lúcia Xavier diz que não recebeu ajuda alguma: "Quem ofereceu para nós foi um pastor, porque estamos ali na igreja. Arrumaram coberta, tudo para a gente. Não veio ninguém de prefeitura, não veio nada”.

Com a casa numa área de risco, quando chove, o jeito é ir para um abrigo. O governo do estado Rio informou que 1.533 famílias solicitaram o Aluguel Social e deu prazo de 15 dias para o início do pagamento.

Edna Araújo levou 15 anos para receber um benefício provisório: “Minha casa foi condenada em 2006. Só agora, em 2021, que eu consegui receber meu Aluguel Social”, conta.

Quem já ganhou uma casa nova também enfrenta problemas. De dois condomínios em Petrópolis, um foi inaugurado em 2016 para abrigar as vítimas da tragédia de 2011, e outro só foi entregue em 2020.

Raquel Rolnik, urbanista e professora da USP, diz que a política habitacional deve ser mais eficiente.

“No caso da população de baixa renda, nós podemos falar de Aluguel Social, sim, mas de Aluguel Social assistido, da mobilização por parte das próprias prefeituras, de casas e apartamentos adequados que estão vazios, que estão subutilizados, mas que têm plena condição de morar, para realojar essas pessoas”, afirma.
 

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