Siderúrgicas de Sete Lagoas e região amargam prejuízos e podem ter novas paralisações
Siderúrgicas de Sete Lagoas e região amargam prejuízos e podem ter novas paralisações

As siderúrgicas de Sete Lagoas e região, produtoras de ferro-gusa – insumo para a produção de aço –, enfrentam um cenário bastante adverso e estudam uma parada compulsória das atividades ou uma redução no nível de produção, segundo matéria publicada esta semana no jornal Diário do Comércio. Operando com prejuízos excessivos há mais de três trimestres, as empresas estão no limite não somente do caixa, como também do uso de crédito. É o que revela o empresário do setor, Willian Reis.
Recentemente, 18 siderúrgicas que atuam no município e nas redondezas, responsáveis por empregar cerca de 3.500 pessoas, paralisaram pontualmente as operações. O movimento teve como objetivo mostrar as dificuldades enfrentadas pelo setor como um todo, marcadas por problemas – entre eles, a elevada taxa de juros, o “tarifaço” dos Estados Unidos, o aumento das importações de aço e a possível alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Reis afirma que a iniciativa surtiu efeito, chamando a atenção, sobretudo, dos compradores das siderúrgicas de Sete Lagoas e região, que não são muitos, devido ao mercado ser restrito e contar com poucos produtores de ferro-gusa. O empresário ressalta que a ação resultou, ao menos, na manutenção do preço do produto, que vinha caindo vertiginosamente. “Conseguimos, pelo menos, essa estabilização. O preço vinha caindo, e a nossa paralisação foi importante. Hoje, o mercado americano tem três grandes compradores. No Brasil, são dois: a ArcelorMittal e a Gerdau. Ninguém tem interesse que a cadeia produtiva pare”, diz.
Apesar da consequência positiva, ele pondera que o preço atual ainda está longe de ser rentável. Isso porque as empresas já vinham operando com um prejuízo de aproximadamente R$ 200 a R$ 300 por tonelada de ferro-gusa produzido, situação que se mantém com os valores praticados atualmente e que pode se agravar nos próximos meses. Conforme o empresário, o custo médio de produção das siderúrgicas de Sete Lagoas e região gira em torno de R$ 2.200/t a R$ 2.300/t. O valor médio do ferro-gusa no mercado interno, que já era baixo – R$ 2.000/t – piorou após duas quedas consecutivas nos últimos meses, atingindo R$ 1.900/t. O ideal para o setor, no momento, seria que o preço pelo menos zerasse o prejuízo operacional, segundo ele.
Enquanto isso, no mercado externo, o preço médio do produto chegou a cair para US$ 385/t. No entanto, o setor conseguiu negociar e elevar esse valor para US$ 400/t. Reis afirma que as empresas esperam que o preço atinja, ao menos, US$ 485/t – patamar praticado antes do tarifaço estabelecido pelo governo norte-americano.
Próxima reunião
No próximo dia 10, representantes das siderúrgicas de Sete Lagoas e região vão se reunir no Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer) para debater os próximos passos diante dos obstáculos enfrentados. Produtoras de ferro-gusa do Centro-Oeste também participarão do encontro, visando ampliar a discussão, de acordo com Reis. O empresário diz que a dúvida está entre reduzir as operações ou paralisar as atividades por falta de capacidade financeira. São 23 empresas em Sete Lagoas e redondezas e quase 40, incluindo as usinas do Centro-Oeste. Por isso, chegar a uma unanimidade não é fácil, tendo em vista a autonomia e a realidade de cada empresa, além do foco operacional, já que algumas companhias também atuam em outros setores. A reportagem procurou, por diversas vezes, o Sindifer para comentar sobre a situação das produtoras de ferro-gusa, entretanto, não obteve retorno.


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