Em mais uma jogada de marketing, a Prefeitura de Sete Lagoas gastou mais de R$ 16 milhões com o chamado sistema de videomonitoramento “Guardião 7L”, lançado em agosto deste ano. 

Supostamente criado para reforçar a segurança pública na cidade, com reconhecimento facial e leitura de placas, o sistema teria o objetivo de auxiliar as forças de segurança na identificação de criminosos, veículos roubados e foragidos da justiça, além de prevenir crimes. Mas até agora, porém, o investimento milionário parece servir a um único propósito: multar motoristas.

O sistema é gerenciado pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, e não pela área de segurança. E o mais grave: nem a Polícia Civil, responsável pelas investigações criminais, nem a Polícia Militar, que faz o policiamento ostensivo nas ruas, têm acesso às imagens. Ou seja, as forças que realmente poderiam usar as câmeras para prevenir crimes, localizar suspeitos ou solucionar ocorrências, estão de mãos atadas.

Enquanto a criminalidade preocupa moradores em diversos bairros, o “Guardião 7L” se revela um guardião apenas do caixa da Prefeitura. Afinal, o sistema parece mais voltado para flagrar infrações de trânsito do que para garantir a segurança da população.

É inaceitável que R$ 16 milhões dos cofres públicos sejam aplicados em um projeto que não contribui com a segurança real dos cidadãos e que nenhum vereador da cidade tenha, de fato, fiscalizado o real funcionamento do sistema milionário. Se o objetivo fosse proteger vidas, o mínimo que se esperaria era a integração imediata com as polícias, algo básico em qualquer cidade que leve a segurança pública a sério.

Mas, em Sete Lagoas, o “olho eletrônico” da Prefeitura olha para os carros, não para os criminosos. E, no fim das contas, quem paga a conta e ainda corre o risco de ser multado é o cidadão.
 

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